Antes do GP de San Marino de MotoGP, esta quinta-feira os rumores do paddock deram conta de uma surpreendente mudança de Marc Márquez para a Gresini – acompanhado dos patrocinadores Red Bull e Repsol. Mas terá o assunto da especulação possibilidades de se tornar uma realidade confirmada? Analisamos aqui alguns pontos desta possível «bomba» do mercado de pilotos.
- Contrato de Marc Márquez
Márquez tem contrato com a Honda até ao fim de 2024. Por isso mesmo, a sua saída da equipa atual implica uma rescisão contratual – seja ou não por mútuo consentimento. O piloto rejeita a especulação, mas o vínculo atual não seria dos maiores impedimentos a uma mudança. Quebras contratuais – a bem ou a mal – já aconteceram por mais do que uma vez no passado, portanto este não é um muro intransponível. E a Honda já deixou a porta de saída aberta a Márquez. - Repsol
Um dos maiores obstáculos à concretização dos rumores de ontem pode estar na Repsol. A petrolífera está há décadas ligadas à Honda e o contrato é até ao fim do próximo ano. Rescisões com patrocinadores são processos mais complicados do que rescisões com pilotos. Não podemos, porém, saber se o contrato entre Repsol e Honda é de exclusividade: outras empresas patrocinam mais do que uma equipa, mesmo sem serem patrocinadoras principais de todas elas. Por outro lado, a Ducati fornece as motos da Gresini e trabalha com a rival da Repsol – a Shell. Pode esta parceria inviabilizar uma eventual associação da Repsol com a Gresini ou um dos seus pilotos? É uma pergunta para a qual não há resposta neste momento. A Gresini tem como um dos seus patrocinadores a também petrolífera Federal Oil, mas não tem, de perto nem de longe, a dimensão da Repsol ou da Shell. - Red Bull
A Red Bull também está ligada à Honda, mas não só não é patrocinadora principal, como também patrocina outros pilotos e equipas atualmente. É, inclusive, patrocinadora principal da KTM. Por isso, não nos parece que existisse algum entrave com a mudança desta marca para a Gresini junto com Márquez – que é um dos pilotos que patrocina diretamente. - De equipa de fábrica para equipa satélite
Desde que em 2013 chegou ao MotoGP, Márquez sempre esteve na equipa de fábrica da Honda com o material mais recente. Na Gresini teria de se resignar com uma equipa satélite e uma moto menos atualizada – a Ducati só tem condições de disponibilizar motos de fábrica a uma equipa satélite e essa é a Pramac. Não será o contexto mais apetecível para um piloto que pretende regressar o quanto antes à luta pelos títulos. A Pramac continua a ter uma vaga oficialmente em aberto, que poderia ser mais lógica para Márquez. No entanto, Franco Morbidelli é apontado como o favorito à moto. - Interesse da Ducati
Embora a Ducati não possa influenciar totalmente as decisões das suas equipas satélite quanto a pilotos, já disse por mais do que uma vez que um piloto como Márquez não encaixa no seu projeto e filosofia. A ideia é dar oportunidades aos mais jovens e desenvolvê-los, numa estratégia que tem dado frutos com pilotos como Enea Bastianini, Francesco Bagnaia, Jorge Martín ou Marco Bezzecchi. - Gresini
Se Márquez levasse consigo a Red Bull e a Repsol, pagar um ordenado alto poderia não ser um obstáculo incontornável para a Gresini. De facto, a chegada do #93 e de patrocinadores desse calibre seria uma mais-valia para a equipa fundada por Fausto Gresini – que teria muito a ganhar em exposição mediática e em encaixes financeiros. - Outros candidatos
Caso exista vontade e disponibilidade da Gresini para contratar Márquez, a questão dos outros potenciais candidatos ao lugar seria secundária: mesmo com Franco Morbidelli disponível, atualmente há poucos ou nenhuns pilotos que estejam livres e que sejam mais apetecíveis do que Márquez. Um desses poderia ser Jack Miller, cujo futuro na KTM poderá estar em dúvida com a necessidade de encontrar espaço para Pedro Acosta. O australiano tem contrato, mas não significa que não possa existir uma rescisão – até porque os resultados têm estado aquém das expectativas.